“os sonhos constituem o mais antigo
e o não menos completo dos gêneros literários”
Jorge Luis Borges (1979)

Oficina Literária
Poéticas Oníricas do Sonhar Social:
mas afinal, o que sonham os catarinenses?

A Oficina Literária Poéticas Oníricas do Sonhar Social, objetiva acolher os Sonhos como territórios de criação e pretende despertar os participantes para a potência das narrativas/dramaturgias/imagens oníricas e transformá-las em escritos literários de autoria coletiva.

As vagas são limitadas e os interessados deverão preencher o formulário específico da cidade na qual desejam participar da oficina. Os links estão no endereço:

ITAJAÍ – 04 E 11/05 – PARA INSCRIÇÃO CLIQUE AQUI
CANELINHA – 31/05 E 01/06 – PARA INSCRIÇÃO CLIQUE AQUI
JARAGUÁ DO SUL – 14 E 15/06 – PARA INSCRIÇÃO CLIQUE AQUI
IÇARA – 21 E 22/06 – PARA INSCRIÇÃO CLIQUE AQUI
FLORIANÓPOLIS – 19 E 20/07 – PARA INSCRIÇÃO CLIQUE AQUI

Como um dos produtos da Oficina, será editado um livro inédito intitulado: Sonhário – Cartografias do Inconsciente Coletivo, contendo o resultado do material poético produzido nas oficinas, somados a um arcabouço histórico sobre obras literárias feitas a partir da matéria dos sonhos, de modo a ser uma leitura de consulta, estímulo e compreensão desta potente matéria prima para produções literário/artísticas. 

A Oficina é inspirada em grandes nomes da literatura mundial, da filosofia e da Psicologia, que tiveram os Sonhos como parte de seus interesses, pesquisas e criações. Nomes como Jorge Luis Borges, Jack Kerouac, Federico Fellini, André Breton, Fausto Cunha, William Blake, C.G.Jung , Akira Kurosawa, David Brum, Fernando Diniz, Aníbal M. Machado, Carlos Pertuis, dentre outros, que há muito tempo perceberam a importância e potência criativa dos sonhos.

Kerouac em seu ‘Livro dos Sonhos’ (1969), dedicou seus escritos oníricos “às rosas do porvir”, e Jorge de Lima se utilizou do onírico na construção do seu ‘A Invenção de Orfeu’ (1958), priorizando o ato da criação em concordância com o significado constitutivo da imagem
onírica. A oficina se apropria de alguns conceitos surrealistas e metafóricos, que sinalizam que para sairmos do ‘reino da lógica’, que nos governa através do racionalismo fundamentado pela utilidade imediata e voltado para o senso comum, apontam-se as portas dos sonhos.

Para Breton (2001), é inaceitável que o onírico, parte tão importante da atividade psíquica, tenha chamado tão pouca atenção; segundo ele o sonho e a noite não podem ficar reduzidos a um “parêntese”. A proposta de valorizar e estimular a pesquisa de criação a partir do universo onírico, que é um espaço de criação independente, de caráter democrático e individualizante, é o foco desta oficina, e traz à tona este aspecto humano nem sempre observado como potência criativa.

No mundo dos sonhos, há uma transformação do espaço como o concebemos no mundo da vigília; de acordo com Bachelard, perdem-se “suas forças de estrutura, suas coerências geométricas. O espaço onde vamos viver nossas horas noturnas não possui mais lonjura. É a síntese muito próxima das coisas e de nós mesmos”. (BACHELARD: 1991, p.160). Outra característica do sonho se refere a seu processo de deslocamento. Isto significa que uma imagem pode ter mais de um significado, pois por analogia pode se transferir sentimentos e conceitos de uma a outra. No sonho, percebe-se também a facilidade para o trocadilho e a inversão de termos como se as palavras se comportassem como coisas.

Essas características apontam a semelhança entre a formação dos sonhos e a atividade artística. Parece razoável dizer que o sonho pode servir de instrumento inspirador ao artista que, posteriormente, dá prosseguimento ao seu trabalho, utilizando-se do pensamento intelectual, sendo esta a metodologia de criação da oficina. E como sabemos existem aqueles que se utilizam do sonho para construir suas obras sem mesmo fazer um retoque posterior. Mas, talvez, um dos grandes serviços prestados pelo onirismo à literatura, como instrumento de criação artística, está no fato dele fornecer ao artista uma espécie de liberdade (com o abandono, mesmo que provisório, da função crítica – às vezes bloqueadora do ato da criação) e espontaneidade no espírito criador.

A técnica utilizada na oficina, surge em 1982, quando Gordon Lawrence desenvolveu o Social Dreaming – o Sonhar Social –, um método que, por meio da associação livre (técnica muito usada por C.G.Jung), favorece expandir o significado e o conteúdo de um sonho relatado no interior de uma matriz grupal.

Dream–telling – Contar o Sonho – é uma técnica desenvolvida em trabalhos com grupos, que parte do princípio de que contar o sonho é um acontecimento social realizado no espaço intersubjetivo estabelecido entre sonhador e ouvinte. Jung acreditava que os sonhos eram via que se abria para o cosmos, apresentando uma concepção do sonho que surgia do universal para o self verdadeiro, revelando, ainda, características do sonhador, da religião e da cultura (inconsciente pessoal, cultural e coletivo).

A visão do sonho, trazida por Jung, envolve, não apenas a relação do sonhador com universo, os arquétipos, mas aponta também para a ideia de um sonho que comporta a relação com o outro, com o grupo ao qual o indivíduo pertence.  Outro aspecto importante em relação aos sonhos, é o fato de que eles podem funcionar como experiências criativas, reparadoras e, principalmente, transformadoras para o sonhador.

Em 1937, Ella Sharpe já apontava para o fato de que o trabalho do sonho e o sonho permitiam revelar o “não conhecido implícito no conhecido” e que esse processo permitia uma ampliação da experiência da linguagem e do pensamento. De uma forma particular, tanto o sonhador quanto o poeta ou o artista seriam capazes de transcender o cotidiano e ampliar, de forma infinita, as palavras e os sentimentos (SHARPE, 1937/1961, p. 12). Uma apreciação intersubjetiva do fenômeno do sonho permite a ampliação de sua investigação, que pode deslocar-se de uma visão meramente individual/intrapsíquica para uma perspectiva interpsíquica/intersubjetiva, que contempla a existência de espaços comuns de compartilhamento de sonhos.

Nesse sentido, um grupo de compartilhamento criativo de sonhos está cercado de significados e, por outro lado, a matriz permite a emergência de múltiplos e infinitos significados e sentidos. Além disso, a matriz pode ser considerada como um espaço que contém um sonho e suas transformações.  Proposta Cultural realizada com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, pela Fundação Catarinense de Cultura [FCC], por meio do Prêmio Elisabete Anderle  de Estímulo à Cultura – Edição 2023

FICHA TÉCNICA
Produção Geral: Eranos Círculo de Arte
Ministrante da Oficina: Sandra Coelho
Assessoria de Imprensa: Prosa Cultural
Produção Local Itajaí: Camila Gonçalves
Produção Local Canelinha: Jo Fornari
Produção Local Jaraguá do Sul: Paulo Zwolinski
Produção Local Içara: Priscila Schaukosky e Bruno Andrade
Produção Local Florianópolis: Eranos Círculo de Arte
Designer Gráfico/Web e Editoração: Leandro Maman
Patrocínio: Fundação Catarinense de Cultura – Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2023
Apoio: Fundação Cultural de Itajaí, Casa da Cultura de Itajaí, Fundação Franklin Cascaes, Casa das Máquinas, Instituto Junguiano de Santa Catarina, Sesc.
Agradecimentos: Carlos Serbena e Roque Tadeu Gui.

01: Oficina Itajaí (com acessibilidade em Libras)
Datas: 04 e 11 de Maio
Horário: das 09:00hs às 13:00hs
Inscrições para Itajaí:
Entre 17/04 à 30/04 através do formulário: https://forms.gle/6r2HdbDtxA1Sx8VU9
Local: Casa da Cultura Dide Brandão

02: Oficina Canelinha
Datas: 31 de maio e 01 de junho
Horários: Sexta das 18:00hs às 22:00hs e Sábado das 09:00hs às 13:00hs
Inscrições para Canelinha: https://forms.gle/RjHERfp3yFTfLEL48
Local: Secretaria Municipal de Educação e Cultura

03: Oficina Jaraguá do Sul
Datas: 14 e 15 de Junho
Horários: Sexta das 18:00hs às 22:00hs e Sábado das 09:00hs às 13:00hs
Inscrição para Jaraguá do Sul: https://forms.gle/fH1bm1hkMExieNTw8
Local: Biblioteca Sesc Jaraguá

04: Oficina Içara
Datas: 21 e 22 de Junho
Horários: Sexta das 18:00hs às 22:00hs e Sábado das 09:00hs às 13:00hs
Inscrição para Içara: https://forms.gle/q9VjFuYvjGx9EtkW7
Local:

05: Oficina Florianópolis (com acessibilidade em Libras)
Datas: 19 e 20 de Julho
Horários: Sexta das 18:00hs às 22:00hs e Sábado das 09:00hs às 13:00hs
Inscrição para Florianópolis: https://forms.gle/AM8xvAJ3mVz4XrfT8
Local: Casa das Máquinas

Sobre a Ministrante:
SANDRA COELHO (CRP 12/03301), (DRT 0011084/SC )

Artista/pesquisadora com incursões em Teatro, Artes Visuais e Literatura. Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC (UDESC), pesquisa o protagonismo das crianças na primeira infância nas artes presenciais. Psicóloga Clínica (UNIVALI/SC),Especialista em Psicologia Analítica (PUC/PR), Analista Junguiana em formação pelo IJUSC (Instituto Junguiano de Santa Catarina), filiado a AJB (Associação Junguiana do Brasil) e IAAP (International Association of Analytical Psychology) pesquisa a linguagem dos Sonhos e o universo simbólico enquanto possibilidade de autoconhecimento e matéria prima para construções artísticas.
Autora do livro Poesia Onírica e Escritos Alquímicos (2014), Pô!Ema – poesia de criança (2020), Traçado – a criação do homem (2020) e Os Pequenos Mundos (2020). Editora da Revista Provocações Urbanas (arte de rua). Idealizadora e diretora de Cine.Ema (2021), série de animações poéticas para as infâncias.  Ministra, desde 2012 a Oficina Literária Sonho e Conto (Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2019), onde trabalha metodologias de construções poéticas a partir dos Sonhos. Idealizadora do projeto Sonhário – cartografias do inconsciente coletivo (Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2021). Possui trabalhos híbridos de literatura e Artes Visuais, como as performances/instalações: O Sonhador, Có.di.go Poema, Com…Plete, Bento – Vozes de Amor e Mar, 21 Teses sobre a Noite, Traçado, Memórias. É idealizadora e co-produtora de Pô!Ema: criação poética com crianças, performance multimídia  de criação e incentivo a escrita poética, #Mergulho, O Barquinho Amarelo, Os Pequenos Mundos, Caixa Ninho e Pléc e a criação do Mundo, todos voltados a primeira infância. Membro do Eranos Círculo de Arte (www.eranos.com.br) participa de todo processo de criação artística do grupo, com foco em arte contemporânea. Com seus trabalhos já participou de diversos festivais nacionais e internacionais e fez temporadas em importantes centros culturais do Brasil, como Caixa Cultural (Salvador, Brasília, Fortaleza e Recife) e CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil (Belo Horizonte 2019, 2020, 2021). Ainda com suas obras, recebeu diversos prêmios como Iberescena, Myriam Muniz, Funarte Respirarte, Arte como Respiro – Itaú Cultural, Prêmio CBTIJ, dentre outros.